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Sucesso entre jovens, Sarahah pode potencializar discursos de ódio e preconceito

Em um período no qual a internet dita as regras da sociedade, as redes sociais se transformam em verdadeiras febres pouco tempo depois de serem lançadas, principalmente entre o público mais jovem, que se recusa a ficar offline e a desligar a chave do mundo virtual. Esse foi o caso do Sarahah, um site que permite a troca de mensagens sem que o emissor seja identificado por outros usuários.

Mas o grande problema é quando essa ferramenta serve como escudo para textos, perguntas e comentários ofensivos.  Este é, há algum tempo, um dos maiores entraves do universo digital. Até porque, a diversão só é válida quando todos envolvidos acham graça do ocorrido, e isso nem sempre acontece na prática.

O estudante de enfermagem Luiz Henrique, de 25 anos, é um consumidor ativo desse mercado de aplicativos, redes sociais e sites de relacionamento. Ele conta que aderiu ao Sarahah por ser novidade no mercado e por considerar interessante essa nova forma de interação. “Achei legal, mas não gostei da forma que ficamos expostos em outras redes sociais após responder as perguntas”. disse.

Ainda segundo Henrique, a decisão de sair da plataforma aconteceu depois que alguns questionamentos mudaram seu conceito sobre ela. “Com o tempo, as perguntas que mandavam para mim foram ficando muito ousadas e eu preferi excluir”.

Já a estudante de contabilidade Letícia Sena, de 22 anos, revela que gosta de entrar na modinha e não vê problema  em continuar usando o Sarahah, mesmo com todos os riscos possíveis e perguntas super picantes.

“Eu estou muito surpresa e satisfeita com essa nova ferramenta. Gosto de saber o que as pessoas pensam de mim. Eu já recebi ofensas, mas aí eu excluo a pessoa e sigo usando”.

Letícia releva, ainda, já ter testemunhado vários conflitos e acredita que as pessoas perdem um pouco a medida do certo ou errado quando podem se esconder atrás do anonimato. “Eu acho que as pessoas estão cada vez mais sem noção das coisas. Sendo no mundo virtual ou na vida real, é comum se bater com gente desavisada, que sai por aí falando bobagem e agredindo o outro verbalmente”.

Para a psicanalista Clarissa Lago este tipo de rede social pode ser muito perigosa, pois não oferece nenhum tipo de garantia. “Na vida real já não sabemos quem são as pessoas, imagine num lugar onde não sabemos quem está do outro lado e essa pessoa pode falar tudo”.

Clarissa revela que o discurso de ódio fica mais evidente em ambientes nos quais os limites não são expostos, e isso aumenta  a chance de situações graves de racismo, machismo e homofobia, que são um problema da sociedade contemporânea.

“Esses discursos mostram quem são essas pessoas na essência. São seres mal resolvidos, que no fundo gostariam de ser ou fazer aquilo que rejeitam ou desprezam e por isso se manifestam de maneira absurda na web”.

Aratu Online.

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