O ex-diretor-superintendente da Odebrecht, Carlos Armando Paschoal, afirmou à Justiça de São Paulo que “quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido” e que teve que “construir um relato” no caso do sítio de Atibaia, no âmbito da Operação Lava-Jato. O processo rendeu a segunda condenação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o UOL, o ex-diretor, que também foi condenado no mesmo processo, ainda fez uma crítica aos procuradores da força-tarefa.
Paschoal depôs no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), no último dia 3 de julho, como testemunha em um processo sobre improbidade administrativa contra o ex-secretário-executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações do governo Michel Temer (MDB), Elton Santa Fé Zacarias. O caso não tem relação direta com os processos contra a Lula.
Durante a audiência, o ex-diretor da Odebrecht, que é delator, foi questionado pelo advogado Igor Tamasauskas sobre o acordo de delação firmado com o Ministério Público Federal (MPF). O defensor perguntou por que delatores precisam falar sobre atos praticados por outras pessoas.
“Sem nenhuma ironia. Desculpa, doutor. Precisava perguntar isso para os procuradores lá da Lava Jato”, respondeu Paschoal. “No caso do sítio, que eu não tenho absolutamente nada, por exemplo, fui quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido. E eu, na verdade, lá no caso, identifiquei o dinheiro para fazer a obra do sítio. Tive que construir um relato”, continuou.
Paschoal não explicou exatamente de que maneira se deu a coação do MP, nem deu mais detalhes sobre se o que teria sido “construído” em seu depoimento.
No depoimento à Justiça Federal no Paraná, em novembro de 2018, Paschoal disse que recebeu um pedido da cúpula da Odebrecht para “ajuda na reforma de uma casa em Atibaia, que seria, segundo ele me relatou, oportunamente utilizada pelo então presidente [Lula]”. Ele foi condenado a dois anos de prisão, em regime aberto, por lavagem de dinheiro.
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