A cidade mais bela e acolhedora dentre as 417 da Bahia. Lugar onde nasci e me criei, dei um pulo na capital para me tornar advogado, casei, iniciei a carreira profissional e voltei para representar meu povo e constituir minha família no melhor pedaço de chão do mundo. Um município planejado, de ruas largas, arborizadas, a maior parte do seu território é plano, com poucas vielas, tem sede de reitoria de Universidade Federal, sede da única unidade da Embrapa no Estado, possui o Centro Técnico de Ensino Profissional Alberto Torres, sedia uma Diocese compondo 10 cidades, conhecida nos quatros cantos como a terra das espadas de fogo (atualmente proibidas pela justiça), lugar onde reside um povo forte e batalhador, qual carrego no peito um carinho muito grande e imensa gratidão. Estamos falando de Cruz das Almas que completa 124 anos no dia 29 de julho de 2021.
A cidade cresceu e ganhou muito status, mas ainda não se acertou em muitas coisas.
Nosso carro chefe é a educação, temos o título de cidade universitária por merecimento, mas não conseguimos engrenar a marcha para subir a ladeira que separa o ensino médio do curso técnico e/ou da universidade, menos de 50% acessa o ensino profissional e/ou educação superior. Precisamos encontrar a causa dessa falta de estímulo e continuidade, temos potencial para crescer nessa área.
Na saúde obtivemos avanços louváveis, como a reabertura da Santa Casa de Misericórdia e a Clínica de Hemodiálise, clínicas particulares também têm se avolumado e prestado serviços de excelência com consultas e exames. Mas quando o assunto é média e alta complexidade, intervenções cirúrgicas e até mesmo transporte para os grandes centros de saúde, o povo tem sofrido muito. Está provado que modelos de parcerias na área da saúde são a válvula de escape para a resolução dos problemas, ao menos nos países de primeiro mundo, como a Alemanha, o modelo de regionalização e parcerias deu muito certo. Porém, por aqui existe ainda no pensamento de alguns sobre a necessidade de deixar a “marca da gestão”, ou seja, aplicar o recurso público de forma não planejada para colocar uma placa com nomes e dizer que fez algo, mas sem perspectiva de continuidade porque o custeio e manutenção são altos. Desta análise, observa-se que a melhor saída seria parcerias com as unidades de saúde já existentes na cidade como a Santa Casa e clínicas particulares, sem perder de vista a fiscalização para atendimento do público, que deve ser na mesma medida ou até melhor do que o particular.
Na infraestrutura, também muito se fala em “deixar marcas de gestão”, mas as verdadeiras marcas estão nos bairros periféricos da cidade. Onde mesmo com a grandiosa e importante obra do PAC no saneamento básico (apesar das cicatrizes deixadas por uma obra muito mal acabada), o município ainda possui muitas áreas descobertas deste serviço, locais com esgoto a céu aberto. Sem falar dos bairros esburacados, com poeira no verão e lama no inverno. Então, mais do que mostrar a fachada da cidade, precisa-se dar dignidade a toda população e depois quem sabe pensar em embelezar aquilo que já está feito e servindo bem.
É da essência do cruzalmense o poder de produzir arte e cultura ressoando em sua grande maioria a maravilha que é nosso torrão abençoado, nesse contexto um simples apoio do poder público resolve tudo, porque no mais, os seus filhos e filhas ilustres se encarregam de resolver. Cruz das Almas é município de muitos desportistas, das mais variadas modalidades, que seguem na necessidade de mais investimento do poder público. Também não esquecendo das diversas localidades rurais, onde o único espaço de lazer é um campo de futebol (quando tem), em um terreno particular, sempre ameaçado de acabar.
Acredito em dias melhores, em um tempo, onde o ritmo será tocado com novas idéias, de forma verdadeira para o desenvolvimento da cidade. Gratidão Cruz das Almas, meus parabéns terra amada!
*Thiago Chagas é advogado e presidente da Câmara de Vereadores de Cruz das Almas
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
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