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Fisioterapeuta que sobreviveu a 68 facadas relata como está a vida hoje: ‘Lutei até o fim’

Seis meses após sobreviver a 68 facadas a mando do ex-namorado, a fisioterapeuta Isabela Conde relatou que depois do episódio traumático, aos poucos volta a rotina. “Hoje tenho certeza que todas as minhas desconfianças foram verdade”, afirmou, em entrevista ao Varela Notícias.
O crime aconteceu em Salvador na noite do dia 28 de fevereiro. Após a sequência de agressões, Isabela já esperava pela própria morte. “Eu estava me defendendo o tempo inteiro, protegendo meus órgãos vitais, usando meu corpo para me defender, mas fui ficando fraca, fui cansando de lutar pela minha vida e esperei pela morte. Eu pensava: ‘Meu Deus, você vem me buscar? Não me deixe sofrer na mão desses homens. Não deixe que minha morte seja lenta'”, contou.
“Quando chegou o momento que eu vi que eles não iam parar, eu pensei: ‘Vou ter que me fingir de morta'”, disse a fisioterapeuta, que viveu um dos piores momentos da sua vida.
Atualmente, Isabela tenta viver uma vida normal, e contou o quanto foi difícil voltar a realizar tarefas que faziam parte do seu cotidiano. “Sentia muita falta da minha rotina. Sempre gostei de ser mãe, fisioterapeuta, dona de casa, e isso me deixava triste porque eu estava muito debilitada”, afirmou. “Precisei focar somente na minha melhora”, disse.
“Tratamento psicológico, atividades físicas [quando fui liberada], fisioterapia, cuidar da aparência, das cicatrizes, assim fui fazendo para me sentir melhor”, contou a fisioterapeuta, que buscou vários meios para se recuperar das sequelas deixadas pelo crime.
Bolo de aniversário em comemoração aos 37 anos de Isabela, com o tema: “Não ao feminicídio” – Foto: Reprodução / Instagram
Em entrevista ao VN, a psicóloga Patrícia Pina revelou que cuidar da saúde mental, nesses casos, é indispensável. “O acompanhamento psicológico se faz importante, para o resgate da autoestima e da valorização da pessoa como um todo, despertando mudanças e atitudes, em busca do enfrentamento da vida”, disse. “Elas se sentem inseguras, indefesas e acuadas, em função de não terem a quem recorrer para obter um apoio necessário nesta situação, porque ela acredita na sua incapacidade, inutilidade e baixa autoestima, pela perda da valorização de si mesma”, concluiu.
Isabela ainda revelou que, atualmente, desconfia de determinados comportamentos. “Agora desconfio mais de determinados comportamentos. Intuitivamente, já desconfiava de alguns comportamentos dele [ex-namorado], eu sabia que tinha alguma coisa errada, isso que me fez tentar terminar o relacionamento. Hoje tenho certeza que todas as minhas desconfianças foram verdade, agora preciso aprender a dizer não: não posso, não quero. Nunca denunciei porque não achava que ciúme e possessividade pudessem levar a esse ponto”.
Isabela, hoje em dia, reserva tempo para dar palestras motivacionais e tentar ajudar outras vítimas – Foto: Reprodução / Instagram
“Sempre tive dificuldades de dizer não. Sempre fui muito sensível e me preocupava muito com as pessoas. Isso não mudou, mas hoje tenho um olhar mais malicioso. Tenho aquela visão de que alguma ação pode levar a outra. Não que eu vá me fechar pro mundo ou não me relacionar, mas criei uma malícia que não tinha antes”, contou a fisioterapeuta.
Além de mudanças na personalidade, Isabela hoje reserva um tempo para orientar mulheres que sofrem ou já sofreram agressões. “Aprendi e passo para algumas mulheres que temos que estar em alerta a sinais de machismo, a sinais de possessividade. Não é só agressão, não é só um tapa, ou só um grito”, alertou.
Isabela, atualmente, busca ajudar mulheres que já sofreram agressões e tentativas de feminicídio – Foto: Reprodução / Instagram
*Sob supervisão da jornalista Anne Arnout

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