O reverendo Amilton Gomes de Paula apresentou nesta segunda-feira (12)
um atestado médico informando a “impossibilidade momentânea” de comparecer à
CPI da Covid. O depoimento era previsto inicialmente para
ocorrer na próxima quarta-feira (14).
O
documento foi protocolado na comissão e é mantido sob sigilo. A CPI apenas
informa que o reverendo “encaminha atestado médico, informando da
impossibilidade momentânea de comparecer ao depoimento agendado para o dia
14.07.2021”.
O G1 apurou que o atestado do reverendo é de 15 dias, valendo a
partir de 9 de julho. Com isso, ainda não está definido o dia do depoimento.
A convocação do
reverendo foi aprovada na última quarta-feira (7). Amilton Gomes de Paula,
fundador de uma entidade chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários
(Senah), negociava a venda da vacina AstraZeneca em nome do
governo brasileiro.
A Senah é uma
organização evangélica fundada em 1999, com sede em Águas Claras (DF). Após a
fundação, a entidade passou a desenvolver o Fest Vida, um projeto de ação
sociocultural no DF e em cidades de Goiás do Entorno do DF.
Conforme
revelou o Jornal Nacional, e-mails mostram que o então diretor de Imunização do
Ministério da Saúde Lauricio Monteiro Cruz deu aval para que o reverendo e a
entidade presidida por ele negociassem 400 milhões de doses do imunizante com a
empresa americana Davati.
Lauricio
Cruz foi exonerado da diretoria de Imunização e Doenças Transmissíveis da
Secretaria de Vigilância em Saúde na última quinta-feira, após a revelação do
caso.
Em um dos e-mails, o
reverendo chega a tratar sobre valores do imunizante e pede a atualização do
preço da AstraZeneca para US$ 17,50 por dose – valor que representa três vezes
mais do que os US$ 5,25 que o Ministério da Saúde pagou em cada dose da vacina
comprada em janeiro, de um laboratório na Índia.
Nome citado na CPI
O
nome do reverendo foi citado pela primeira vez na CPI no último dia 1º, durante depoimento do policial
militar Luiz Paulo Dominguetti – que se
apresenta como representante da Davati Medical Supply, empresa que atuaria como
intermediária na compra de vacinas.
O
PM afirma ter recebido uma cobrança de propina por dose de vacina durante as
negociações com o governo brasileiro.
Dominguetti
afirmou que participou de duas reuniões no Ministério da Saúde – ambas
viabilizadas pelo reverendo. Os encontros na pasta foram com Lauricio Cruz, com
o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística, e
com o coronel Elcio Franco, o então secretário-executivo da pasta.
Agenda da CPI
A agenda da CPI para esta semana, antes do atestado do reverendo
Amilton, previa os seguintes depoimentos:
- Terça-feira, 13-7: Emanuele Medrades,
diretora da empresa Precisa
- Quarta-feira, 14-7: Reverendo Amilton de
Paula, presidente da Senah
- Quinta-feira, 15-7: Coronel Blanco,
ex-assessor do Ministério da Saúde
- Sexta-feira, 16-7: Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil
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